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16 de julho: 773 anos da entrega do Escapulário do Carmo

Em 16 de julho de 1251, o Prior Geral dos Carmelitas, São Simão Stock, recebeu de Nossa Senhora do Carmo o Escapulário como sinal de sua confraternidade e proteção.

O Carmelo é todo de Maria Santíssima e os carmelitas encontram nela um modelo de consagração. Ao pé da Cruz, junto de Cristo, os carmelitas compreendem a filiação mariana e a dimensão do discipulado: Mulher, eis o teu filho; filho, eis a tua Mãe (Jo 19, 26-27). No Calvário se inicia uma comunidade com os olhos fixos em Cristo, no mistério da Paixão, Morte e Ressurreição. O Escapulário é também sinal de adesão à condição de seguidores de Cristo por exprimir a dimensão da adoção filial, realizada pelo Batismo, e a esperança da vida eterna. 

Ao longo dos séculos o Escapulário extrapolou os limites da Ordem do Carmo, passando a ser um sacramental da Igreja de uso dos cristãos como demonstração de ser revestido das virtudes celestiais, buscando, já na terra, viver de forma contemplativa e com pureza de coração. O Escapulário não é um amuleto que garante autenticamente a salvação eterna ou a proteção contra eventuais perigos da vida. Mas, pressupõe fé, abertura de coração, confiança filial e a dedicação ao serviço no projeto de Deus. Este sacramental traz consigo um sentido piedoso, de confiança em Maria e comprometimento com o Evangelho de Cristo (Besalduch, O.C.).  

Para os carmelitas, esta veste indica o amor dedicado à Mãe de Deus, nos leva à imitação de suas virtudes, e uma vida fomentada pela oração e pela frequência aos Sacramentos. É um convite a sermos mariformes, isto é, sermos como a Virgem Santíssima. Nessa perspectiva ao receber devotamente o Escapulário, o fazemos em honra da Santíssima Trindade, para nos conformarmos à imagem do Filho. Esse revestir-se de Cristo se dá pela intercessão de Maria, rogando as graças de Deus (Ritual de Bênçãos)

Por sermos revestidos, somos chamados a viver a vocação batismal, numa conversão diária, que faz comprometer-nos com a realidade atual respondendo ao chamado da existência, isto é, comprometermos com o Evangelho colocando em prática a Caridade.  Pelo Escapulário confiamos nos cuidados de Maria e nos dedicamos às obras do Reino de Deus: verdade e vida, santidade e graça, justiça, amor e paz (Com Maria Mãe de Jesus, n. 31).

Sabe-se que Maria é com razão honrada pela Igreja com culto especial e sob a sua proteção se acolhem os fiéis que a imploram em todos os perigos e necessidades (Lumen Gentium , n. 62). Essa confiança materna se dá pelo fato de que Maria, já na Terra, cooperou na regeneração e formação dos filhos e filhas da Igreja, sempre como Mãe (Redemptoris Mater, n. 44). Maria se tornou modelo de fidelidade e discipulado e pelo Escapulário nos colocamos sobre os cuidados da “Mãe do Senhor” (Lc 1, 43). 

O sinal externo do Escapulário nos leva à transformação, como discípulos e convertidos à salvação, que não se efetua apenas pelo uso desse sinal, mas pelo cumprimento do chamado de Cristo para segui-lo (McMahon, O.C.). O Escapulário expressa a confiança e a pertença em que o crente se reveste do homem novo que é Cristo (Cf. Ef 4,20-24). Revestir-se do Escapulário do Carmo é um convite a celebrar o amor de Deus, sabendo que Nossa Senhora fez do seu Escapulário uma bandeira de esperança para todos os aflitos (Inácio Maria, O.C.).

O uso do Escapulário implica realizar uma evangelização que seja encarnada na realidade do povo cristão e dos seus clamores, medos e esperanças, que recorra à palavra bíblica centrada no Deus misericordioso, bem como à tradição contida nos dogmas da Igreja. O Escapulário conduz os fiéis a Jesus Cristo e à imitação de sua Mãe Santíssima, e é sinal de adesão ao caminho de discipulado que, pela fé, encaminha os peregrinos à salvação (McMahon, O.C.). 

Concluímos que o Escapulário é memorial de nossa incorporação a Cristo, nos leva ao encontro e união com Maria. Cooperando para que se torne realidade a Encarnação de Cristo no mundo de hoje (Emanuele Boaga, O.C.). O Escapulário do Carmo é uma torrente de graças espirituais e sinaliza uma aliança de amor em que todos nós por meio de uma filiação e confiança na intercessão de Maria somos inteiramente ligados e pertencentes a Cristo, servindo ao Reino de Deus Pai pela ação do Espírito Santo. 

Por: Frei Renê Vilela, O.Carm.