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6° Semana Carmelitana trouxe como tema a poesia de Santa Teresa de Jesus

Nos dias 03, 04 e 05 de novembro, a Paróquia Nossa Senhora do Carmo, de Itu (SP), promoveu a VI Semana Carmelitana que teve como tema “A manifestação de Deus na poesia de Santa Teresa de Jesus”. Os encontros foram ministrados pelo Frei Carlos André Bezerra, O.Carm.

No primeiro dia, Frei André falou sobre a relação de Deus e a Palavra. Explicou que o homem é dotado de razão e fala e que Deus se manifesta a nós através da sua Palavra, por isso através da poesia de Santa Teresa há essa manifestação do Divino.

“Deus faz uso da palavra para falar e se revelar. Deus é a Palavra manifestada. É através da Palavra, que Deus se revela a nós, assim como também através dos profetas e dos santos”, explicou.

O segundo dia foi dedicado a parte mais teórica, onde o frade carmelita explicou sobre como Santa Teresa se utiliza da literatura e da poesia para passar a experiência mística dela com Deus.

No terceiro dia, Frei André explica sobre o lugar do encontro íntimo com Deus no Carmelo e traz também umas das poesias de Santa Teresa para exemplificar como foi forte e profunda esse encontro com Deus.

“O poema fala de morte e pode chocar quem lê de primeira, mas o que Santa Teresa quer dizer é que a sua experiência com Deus foi tão profunda que depois de contemplar a face de Deus, ela não quer mais viver nesta vida, pois quem teve o coração transpassado, como vai encontrar gozo e alegria no mundo, se tem algo bem melhor esperando na vida eterna”.

Ele finaliza explicando que Santa Teresa entendeu que precisava dar lugar a Deus e para isso precisava esvaziar-se de si mesma.

“Como Santa Teresa, devemos nos perguntar: O que Deus quer realizar em mim? Santa Teresa sempre teve essa preocupação, de se esvaziar para dar lugar a Deus e escutar sua vontade”.

Confira o poema na íntegra:

Aspirações à vida eterna

Vivo sem em mim viver
E tão alta vida espero,
Que morro de não morrer.
Vivo já fora de mim
Desde que morro de amor;
Porque vivo no Senhor,
Que me escolheu para Si.
Quando o coração lhe dei,
com terno amor lhe gravei:
Que morro de não morrer.
Esta divina prisão,
do amor em que eu vivo,
fez a Deus ser meu cativo,
e livre meu coração;
e causa em mim tal paixão
ser eu de Deus a prisão,
Que morro de não morrer.
Ai que longa é esta vida!
Que duros estes desterros!
Este cárcere, estes ferros
onde a alma está metida!
Só de esperar a saída
me causa dor tão sentida,
Que morro de não morrer..
Ai! Como a existência é amarga
Sem o gozo do Senhor!
Se é doce o divino amor,
Não o é a espera tão larga:
Tire-me Deus esta carga
Tão pesada de sofrer,
Que morro de não morrer.
Só vivo pela confiança
De que um dia hei de morrer;
morrendo, o eterno viver
Tem por seguro a esperança.
Ó morte que a vida alcança,
Não tardes em me atender,
Que morro de não morrer.
Olha que o amor é bem forte!
Vida, não sejas molesta;
Vê, para ganhar-te resta
Só perder-te: – feliz sorte!
Venha já tão doce morte;
Venha sem mais se deter,
Que morro de não morrer.
Lá no céu, definitiva,
É que a vida é verdadeira;
Durante esta, passageira,
Não a goza a alma cativa.
Morte, não sejas esquiva;
Mata-me para eu viver,
Que morro de não morrer.
Vida, que posso eu dar
a meu Deus que vive em mim,
se não é perder-me enfim,
para melhor o gozar?
Morrendo, o quero alcançar,
pois nele está meu socorro,
Que morro de não morrer.
Se ausente de meu Deus ando,
Que vida há de ser a minha
Senão morte, mais mesquinha,
Que mais me vai torturando?
Tenho pena de mim, quando
Me vejo em tanto sofrer,
Que morro de não morrer.
Já de alívio não carece
O peixe em saindo da água,
Pois tem fim toda outra mágoa
Quando a morte se padece.
Pior que morrer parece
Meu lastimoso viver,
Que morro de não morrer.
Se me começo a aliviar
Ao ver-te no Sacramento,
Vem-me logo o sentimento
De não poder gozar.
Tudo aumenta o meu penar,
Por tão pouco assim te ver,
Que morro de não morrer.
Quando me alegro, Senhor,
Pela esperança em ver-te,
Penso que posso perder-te,
E se dobra a minha dor:
E vivo em tanto pavor,
Sem na espera esmorecer,
Que morro de não morrer.
Oh! Tira-me desta morte,
E dá-me, Deus meu, a vida;
Não me tenhas impedida
Por este laço tão forte.
Morro por ver-te, de sorte
Que sem ti não sei viver,
Que morro de não morrer.
Choro a minha morte já;
E lamento a minha vida,
Enquanto presa e detida
Por meus pecados está.
Ó meu Deus, quando será
Que eu possa mesmo dizer
Que morro de não morrer?

 

 

https://www.youtube.com/watch?v=fHgpXcWG8P8