Santa Elisabete da Trindade – Elisabete Catez – foi uma monja carmelita descalça, contemporânea de santa Terezinha. Nascida em 1880, na França, viveu e morreu em Dijon. Teve uma irmã 3 anos mais nova e seu pai morreu quando ela tinha 7 anos de idade, deixando sua mãe viúva com duas filhas para cuidar. Fez sua primeira comunhão com 11 anos, e esse fato a fez mudar completamente seu temperamento irascível. Conta-se que certa vez, quando ainda era criança, sua mãe deu um boneco seu para servir de Jesus Cristo no presépio da igreja. Quando o reconheceu, ela começou a gritar com o padre durante a Missa. Teve de ser tirada da igreja em meio a risos geral. Porém, sua mãe, percebendo isso, começou a lapidar sua filha para que não sucumbisse a esse temperamento, e o Santíssimo Sacramento foi o grande “milagre” para que ela conseguisse controlar a sua fúria. Mas teve que lutar durante muito tempo contra esse sentimento, mesmo depois da comunhão.
Com 14 ainda fez voto perpétuo de castidade e se sentiu chamada ao Carmelo. Porém, quando conta a sua mãe, ela não recebe muito bem a notícia, e diz que só poderá entrar com 21 anos. Para ela, foi um verdadeiro martírio a espera, mas aguentou tudo com resignação e paciência. Morreu quando tinha apenas 26 anos, com uma doença chamada mal de Addison – uma doença que atinge a glândula suprarrenal, afetando o metabolismo, onde o paciente não consegue se alimentar normalmente – fazendo com que santa Elisabete só se alimentasse de chocolates e queijos. Quando faleceu, havia perdido vários quilos e sofrido muito, mas com uma santa paciência, suportou tudo com muita virtude.
Sua mística se baseia na inabitação Trinitária. Seus textos se baseiam principalmente nas cartas paulinas, onde encontrou um rico tesouro. E para ela, a grande realização do homem, enquanto casa de Deus, é ser seu “louvor da glória” (Ef 1, 12), e essa seria sua missão na terra, e no Céu seria a de levar outras pessoas a serem-no. Mas para entender bem esse caminho é necessário recorrer a dois textos escritos pela própria santa, que encontram o centro de sua espiritualidade: o “retiro de como encontrar o Céu na terra” e o “último retiro”.
Seu primeiro retiro foi feito para sua irmã, e tem como principal foco o encontro do Céu que existe dentro de nós, onde Deus faz sua morada, um lugar tão íntimo que nem o próprio homem alcança, mas apenas Deus está, e é no centro da alma, como nos ensina são João da Cruz. Mas o homem deve permanecer nesse centro, para poder permanecer em Deus (cf. Jo 15,4). Para isso devemos, nas palavras da própria santa, “penetrar cada vez mais no ser divino pelo recolhimento”. Mas sempre lembrando que é Deus quem leva a alma a essa contemplação, pois é o Espírito que intercede por nós (cf. Rm 8, 26).
O segundo foi próximo à sua morte, e teve como principal objetivo mostrar seu caminho espiritual de “Laudem gloriae”, ou seja, como ser um verdadeiro louvor da glória de Deus. Mas para começar esse caminho é necessário calar as paixões, reunindo todas as potências para fazer apenas um único exercício: amar, permitindo ter um olhar simples que vê a luz de Deus que nos ilumina, e é pelo toque desse amor que o Senhor agirá em nós, como explica Elisabete.
Para finalizar, santa Elisabete tinha um grande amor por Nossa Senhora, em quem ela via um verdadeiro exemplo, o molde para a santidade. Dizia a santa que Maria era o perfeito modelo pois “guardava os segredos em seu coração e os meditava” ((Lc 2, 19), seguindo assim os Seus passos. Seus maiores exemplos carmelitas eram santa Teresa, são João da Cruz e santa Teresinha, que em sua época ainda não havia sido sequer beatificada, mas que santa Elisabete já conhecia e se inspirava.
Algumas curiosidades sobre santa Elisabete: ela conseguiu uma graça pela intercessão de santa Teresinha, quando pediu para conseguir andar para ir ao coro quando estava doente, e conseguiu esse grande pedido. Sabia tocar piano e cantar, e compôs várias músicas para o mosteiro, algumas em conjunto com algumas irmãs.
Por: Paulo Victor Queiroz Soares, postulante da Província Carmelitana de Santo Elias
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