O Prior Provincial, Frei Adailson dos Santos, O.Carm, faz uma reflexão sobre o tema “A meditação cristã”.
No primeiro dia, Frei Adailson falou acerca da necessidade das pessoas de silêncio, recolhimento e meditação.
“Em muitos cristãos do nosso tempo manifesta-se vivo o desejo de aprender a orar de modo autêntico e profundo, por contas das dificuldades que a cultura moderna impõe. O interesse por algumas religiões orientais com os seus modos peculiares de oração têm sido um sinal notável desta necessidade de recolhimento espiritual e de um profundo contato com o mistério divino. Mas, perante este fenômeno, precisamos estar atento à luz da verdade revelada em Jesus”.
Neste ponto, ele explica que é Bíblia que ensina o homem como rezar.
“No Antigo Testamento, existe uma maravilhosa coleção de orações, a qual se conservou viva através dos séculos também na Igreja de Jesus Cristo, em que se tornou a base de oração oficial: o Livro dos Salmos. As orações do Livro dos Salmos narram as grandes obras de Deus em favor do povo eleito. Israel medita, contempla e torna presentes as maravilhas de Deus, relembrando-as por meio da oração”.
Frei Adailson explica ainda que para rezar é preciso renunciar.
“O vazio de que Deus precisa é da renúncia ao próprio egoísmo, não necessariamente da renúncia às coisas criadas que Ele nos deu e no meio das quais nos colocou. Na oração nos devemos concentrar inteiramente em Deus e afastar o mais possível aquelas coisas deste mundo que nos prendem ao nosso egoísmo. Santo Agostinho é um mestre sobre este ponto: se queres encontrar a Deus — diz —, abandona o mundo exterior e entra em ti mesmo.”
Ele fala ainda sobre o que é a oração e explica as condições indispensáveis para uma boa oração:
“A oração, encontro entre Deus e o ser humano: encontro que acontece no fundo da alma, lá onde a Bíblia chama de “coração”. Neste coração está o centro de nossa vida religiosa. É ali que Deus mora, e é desta profundidade do espírito que Deus fala. Mas não se pode escutar esta Palavra de Deus. O encontro se torna impossível quando uma multidão turbulenta de diferentes pensamentos e sentimentos, de afetos e desejos… se aglomeram no coração. É necessário sossego, silêncio, liberdade interior. A pureza de coração mesmo. Um só apego humano pode obscurecer a nossa visão ou encontro com Deus: aqui está a raiz de toda a oração precisamos ser capazes de colocar Deus acima de tudo e de todos. A oração do cristão é essencialmente oração de Cristo. A oração, no seu conteúdo genérico, é a vivência de uma relação pessoal e verdadeira entre o ser humano e Deus.”
Veja as seis condições:
1 – Solidão
Disse São Gregório que a solidão é a melhor condição para a oração, porque nos distancia dos ruídos do mundo, dos fazeres ordinários, do trabalho estressante, e nos dá silêncio e recolhimento, nos dispõe à escuta.
2- Silêncio
O silêncio e a solidão são um irmão e uma irmã que se dão pela mão peara ajudar-se mutualmente. P.Miguel de Santo Agostinho diz: “Todos sabemos que o silêncio é indispensável à vida interior e mística”.
3 – O Deserto
Hoje estamos redescobrindo o “deserto” como o lugar da experiência com Deus. Mas as pessoas também o buscam como lugar para sair da cidade e ali permanecer na solidão, conversando frente à frente com Deus.
4 – Humildade, desprendimento, em constante oração
São estas as condições prévias à oração segundo Santa Teresa: “todo o bem da oração fundamenta-se na humildade”. Assim também a alma, para viver bem a oração deve desapegar-se a todo custo e completamente de todas as coisas
5 – Importância do corpo e dos gestos na oração
“Jesus prostrou-se por terra e orava” (Mc 14,35), “Jesus foi à montanha para rezar” (Lc 6,12), “se retirava em um lugar deserto e ali rezava” (Mc 1,35), “passou a noite em oração” (Lc 6,12), “se prostrou com o rosto por terra e rezava”(Mt 26,39). Se Jesus deu tanta importância ao lugar e ao tempo para fazer sua oração, assim como ao corpo e às suas posições, significa que é bom e necessário cultivar atitudes e preparar condições apropriadas para rezar melhor.
6 – A respiração na oração
Todos os mestres orientais insistem na utilidade de controlar a respiração para produzir um profundo recolhimento. É uma técnica que os Padres do deserto também usam. É uma técnica a ser redescoberta hoje. É necessário adotar uma postura que nos permita uma respiração regular e profunda, como por exemplo: ajoelhar-se com as costas perfeitamente retas, os ombros para trás, os braços relaxados ao longo do corpo, ou ainda, sentar-se sobre um banquinho sem encosto que permita ter o peito perfeitamente ereto. Se a respiração é regular e profunda, a concentração é mais fácil.
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