O Papa Francisco ofereceu à Igreja um presente ao final da Oitava de Páscoa, no dia em que a Igreja celebrou a Solenidade da Anunciação do Senhor (09/04): a Exortação Apostólica “Gaudete et Exsultate”, “Alegrai-vos e exultai.” O documento possui cinco capítulos e 44 páginas, com um total de 177 parágrafos. “Não é um tratado sobre a santidade, com muitas definições e distinções”, adverte o Pontífice na abertura de seu texto, mas uma maneira de “fazer ressoar mais uma vez o chamado à santidade”, indicando “os seus riscos, desafios e oportunidades”(n. 2).
Disponível no site do Vaticano, “Gaudete et Exsultate” fala aos cristãos que uma das chaves para a vida de santidade é a vivência das bem-aventuranças. Francisco coloca-as no centro do terceiro capítulo, afirmando que com este discurso Jesus “explicou, com toda a simplicidade, o que é ser santo” (n. 63). Apresenta este caminho como o principal, porque está “contra a corrente” em relação à direção do mundo. Francisco destaca que o chamado à santidade é para todos, porque a Igreja sempre ensinou que é um chamado universal e possível a qualquer um, como demonstrado pelos muitos santos canonizados.
O título “Gaudete et Exsultate”, “Alegrai-vos e exultai,” repete as palavras que Jesus dirige “aos que são perseguidos ou humilhados por causa dele”. A vida de santidade, afirma o texto, está intimamente ligada à vida de misericórdia, “a chave para o céu”. Portanto, santo é aquele que sabe comover-se e mover-se para ajudar os miseráveis e curar as misérias.
O Carmelo e o caminho de santidade
Na Exortação Apostólica o Papa afirma ainda que a vida cristã é uma luta “constante” contra a “mentalidade mundana” que “nos engana, atordoa e torna medíocres” (n. 159).
Os santos do Carmelo nos dão testemunho disso. Houve tempos em que se considerava que os místicos, como Santa Teresa, percorriam um caminho diferente ao dos cristãos comuns. Como consequência, os escritos dos místicos pareciam representar uma espiritualidade da elite, espiritualidade que não se podia aplicar a todos.
Hoje entendemos que estes santos somos nós mesmos. Eles nos mostram o potencial de nossa humanidade. Estão no topo da coluna e nos transmitem o impacto do amor de deus em suas vidas. O que escrevem não é algo especial para uns poucos, mas para servir de guia e encorajamento a todos. O caminho que descrevem é mais normativo que excepcional.
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Com frequência Santa Teresa de Jesus fala de um objetivo da caminhada espiritual: uma crescente sensibilidade às necessidades dos demais. O caminho não pode desembocar numa espiritualidade encerrada em si mesmo, numa comunidade ensimesmada. A caminhada deve levar a uma expressão externa de serviço. A pessoa espiritual é consciente de que tem a responsabilidade de usar os dons recebidos de Deus para o bem do povo de Deus. Não vamos sós a Deus; não é uma peregrinação individual. Teresa, sem sombra de dúvida, afirma o mandado evangélico de amar a Deus e ao próximo. Este serviço a nossos irmãos é a prova de fogo do cristianismo.
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